quinta-feira, 7 de julho de 2011

O ser humano não sabe perdoar...

Semana ruim... foi para o outro lado da vida um homem de quem eu gostava muito de mim: o pai de uma amiga. Engraçado como as coisas acontecem. Estava ansiosa há dias para falar com ela, mas a preguiça do dia-a-dia me impedia de abrir o MSN. Até que segunda-feira resolvi que já era hora de dizer um "oi" aos amigos do PC ( minha filha cultiva os amigos, eu peco nisso). Minha amiga, vendo-me online, avisou-me que seu pai estava muito ruim. Disse-lhe, já preocupada, que iria vê-lo assim que minhas aulas terminassem - ele reside em Itu.
Falou-me do problema dele e desligamos. Meia hora depois, ela me liga avisando de seu falecimento. Caraca, eu chorei...
Disse-lhe que no dia seguinte, pela manhã, iria a Itu. Foi uma viagem gostosa. Por vários momentos era como se estivesse fazendo o mesmo passeio que outrora fizera, não estava triste. Porém, assim que encostei o carro, a sensação de estar parada em frente ao velório da cidade que, por tantas vezes passei e odiei, era horrível.
A primeira pessoa a quem avistei foi a Dul, minha amiga. Não me contive e chorei. Coloquei toda a tristeza que sentia para fora. Fazia tempo que não soluçava daquele jeito.
Por fim, acalmei-me. Com o passar das horas, minha amiga me contou as horas em que ficou com os irmãos madrugada adentro velando o corpo, bom, velando não é bem o termo: contando piadas...
Até que lembraram de mim e "apostaram" que eu seria a única a chorar por ele. E fui...
Caramba, se ele foi um homem duro, rude e severo com os filhos, não é justificativa para tanta frieza. E, mesmo que ele tenha sido mais duro e severo do que eu possa pensar, não houve nenhum ato de maldade ou crueldade por parte dele. Era um homem ignorante, rígido e inflexível, mas nunca deixou faltar nada e demonstrava seu modo de amar de forma diferente ou nem mostrava, mas amava.
Só sei que não gostei. Não gostei da incapacidade de perdoar dos filhos. Todos erram, todos... A ignorância é perdoável. Quanto mais você conhece, mais obrigações, não é? Pois então, ele não estudou, não lia sobre o desenvolvimento humano, sobre psiquê, sobre psicologia infantil e blá, blá, blá. Nem mesmo falavam sobre isso.
Como cobrar tato de um homem? Ele não recebera uma educação baseada no diálogo, na compreensão... dava o que conhecia.
Sei lá... só postei isso pois precisava jogar para fora esse sentimento de perplexidade e medo. Medo de não receber o verdadeiro perdão de meus filhos, medo de não chorarem minha ida, medo de não ser tão amada como gostaria de ser... medo...

2 comentários:

  1. Não sei se vc vai ler aqui o comentário, mas nem pensar que eu vou agir desse jeito.
    Apesar da gente brigar vez ou outra, amo vc incondicionalmente.
    Bjs

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  2. Ola, sei que vc postou essa msg ja faz algum tempo, mas buscando algo sobre chegar aos 50 me deparei com o teu blog, entao li e gostei. Ainda tenho tres anos pela frente, mas depois de viver tanto tempo fora do pais (sai nos anos 90), correr tanto, trabalhando para prover o melhor para minha familia (o que nem sempre foi possivel), parece que estou sentindo bastante cansado. Ao ler sobre o pai da tua amiga e sobre o teu comentario acerca da falta de perdao, sinceramente me vi dentro daquele caixao pensando qual seria a reacao da minha familia. Parabens pela tua sensibilidade e clareza ao escrever e tambem pela filha, que logo postou comentario acerca do fato ocorrido. Obs. Desculpe a falta de acentuacao adequada)

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